cal pfungst

DESIGNER

Çal Pfungst

SANGUE NOVO

Çal Pfungst é um artista transdisciplinar residente em Portugal. A sua prática interseta a Escrita, o Teatro, a Instalação e a Moda. Licenciou-se em Teatro pela ESMAE, Porto e formou-se em Design de Moda pelo Modatex, Porto. Nos últimos anos, tem colaborado com a Associação Artística A Leste, no Porto, e com a Plataforma Yuuts Ruoy, em Lisboa, em exposições e publicações.
Çal desenvolve um trabalho criativo experimental através de uma abordagem fenomenológica e desconstrutivista que transpõe metodologias na procura de novas formas, relações e limites para a roupa.

CONTACTOS

E-mail: tadeupfungst@gmail.com

FW 23/24

FIG. 2 - TELESCÓPIO PRETO

O peixe Batman morreu. Comprei outro. Também morreu. Causas naturais. Tive vários peixes. Chamavam-se todos Batman. Talvez fossem a reencarnação do Batman. Os peixes como o Batman também são chamados de telescópio preto. Nunca vais ver um telescópio preto a viver num ambiente selvagem porque, tal como todos os Batmans, esta variedade de telescópio é de criação artificial (como os das estrelas). Mas o meu amor pelo Batman não é artificial. Não voltei a ter animais de estimação.

“Escrever um poema
é como apanhar um peixe
com as mãos
nunca pesquei assim um peixe
mas posso falar assim
sei que nem tudo o que vem às mãos
é peixe
o peixe debate-se
tenta escapar-se
escapa-se
eu persisto
luto corpo a corpo
com o peixe
ou morremos os dois
ou nos salvamos os dois
tenho de estar atenta
tenho medo de não chegar ao fim
é uma questão de vida ou de morte
quando chego ao fim
descubro que precisei de apanhar o peixe
para me livrar do peixe
livro-me do peixe com o alívio
que não sei dizer”

Adília Lopes, em 'Um Jogo Bastante Perigoso'